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O que é Parto Humanizado ?

Uma importante questão a ser esclarecida é que o termo "Parto humanizado" não pode ser entendido como um "tipo de parto", onde alguns detalhes externos o definem como tal, como o uso da água ou a posição, a intensidade da luz, a presença do acompanhante ou qualquer outra variável. A Humanização do parto é um processo e não um produto que nos é entregue pronto.

Acredito que estamos a caminho de tornar cada vez mais humano este processo, isto é, tornar cada vez mais consciente a importância de um processo que para a humanidade sempre foi instintivo e natural e que por algumas décadas tentamos interfirir mecanicamente, ao hospitalizarmos o nascimento e querer enquadrar e mecanizar em um formato único as mulheres e o evento parto.

O termo “humanização” carrega em si interpretações diversas. A qualidade de “humano” em nossa cultura quase sempre se refere à idéia arraigada na moral cristã de ser bom, dócil, empático, amável e de ajudar o próximo. Nesse contexto, retirar a mulher de seu “sofrimento” e “acelerar” o parto através de medicações e de manobras técnicas ou cirúrgicas e é uma tarefa nobre da medicina obstétrica e assim vem sendo cumprida.

Mas há um porém neste tipo de intervenção. Um olhar mais atento na prática atual da assistência ao parto revela uma enorme contradição entre as intervenções técnicas ou cirúrgicas e as suas conseqüências no processo fisiológico do parto e na saúde física e emocional da mãe e do bebê. Um olhar ainda mais atento nos processos culturais, emocionais, psíquicos e espirituais envolvidos no parto revelam novos e norteadores horizontes, tal qual a importância, para mãe e filho, de vivenciar integralmente a experiência do parto natural.

A qualidade de humano que se quer aqui revelar envolve os processos inerentes ao ser humano, os processos pertinentes ao ciclo vital e a gama de sentimentos e transformações que a acompanham. O processo de nascimento, as passagens para a vida adolescente e adulta, a vivência da gravidez, do parto, da maternidade, da dor, da morte e da separação são experiências que inevitavelmente acompanham a existência humana e por isso devem ser consideradas e respeitadas no desenrolar de um evento natural e completo como é o parto. Muitas e muitas mulheres ao relatarem seus partos via cesariana mostram a frustração de não terem parido naturalmente, com as próprias forças, os seus filhos. Querem e precisam vivenciar o nascimento de seus filhos de forma ativa, participativa, inteira. Viver os processos naturais e humanos por inteiro muitas vezes envolve dor, incômodo, conflito, medo. Mas são estes mesmo os “portais” para a transição, para o crescimento, para o desenvolvimento e amadurecimento humano.

A humanização proposta pela ‘humanização do parto’ entende a gestação e o parto como eventos fisiológicos perfeitos (onde apenas 15 a 20% das gestantes apresentam adoecimento neste período necessitando cuidados especiais), cabendo a obstetrícia apenas acompanhar o processo e não interferir buscando ‘aperfeiçoá-lo’.

Humanizar é acreditar na fisiologia da gestação e do parto.
Humanizar é respeitar esta fisiologia, e apenas acompanhá-la.
Humanizar é perceber, refletir e respeitar os diversos aspectos culturais, individuais, psíquicos e emocionais da mulher e de sua família.
Humanizar é devolver o protagonismo do parto à mulher.

É garantir-lhe o direito de conhecimento e escolha.

Fonte: Despertar do Parto


Indicações reais e fictícias de cesariana

A presente lista de indicações de cesariana circula na Internet desde 2005, quando eu publiquei a primeira versão em uma comunidade do Orkut ("Cesárea? Não, obrigada!"), e desde então tem sido amplamente divulgada, crescendo lamentavelmente a cada dia, porque estou sempre me deparando com gestantes querendo esclarecimentos ou mulheres que contam suas próprias histórias ou histórias de amigas. 


Recentemente, Ana Cristina Duarte, obstetriz e amiga, fez alguns acréscimos e organizou a lista em ordem alfabética, motivo pelo qual lhe dou os créditos da presente versão. É de domínio público, usem à vontade, mas preferentemente remetendo à fonte, ou seja, Amorim & Duarte (2012), com link para esta página da Web.

Não temos a pretensão de cobrir todas as possíveis indicações de cesariana, apenas começamos a elencar sobretudo as "não indicações" mais frequentes.


Para uma leitura mais aprofundada e baseada em evidências, eu recomendo a série de artigos que publicamos na revista Femina, "Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências", em três partes:

Parte 1 Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte 1 

Parte 2 Indicações de Cesariana Baseadas em Evidências - Parte 2

Parte 3 Condições frequentemente associadas à Cesariana sem respaldo científico

Segue a lista (em constante atualização):



INDICAÇÕES REAIS E FICTÍCIAS PARA A CESÁREA

Algumas indicações de cesariana 

REAIS

1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa;

2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;

3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);

4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);

5) Ruptura de vasa praevia;

6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto (em algumas diretrizes, somente se for a primoinfecção herpética).


PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA

1) Desproporção cefalopélvica (o diagnóstico só é possível intraparto, através de partograma e não pode ser antecipado durante a gravidez);

2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);

3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia), ultrapassando a linha de ação do partograma.

Nota: o uso do partograma de Friedman é altamente questionável. A curva de evolução do trabalho de parto tem grande variação, recomendando-se atualmente a curva de Zhang, com percentis. Pela grande variação do que é fisiológico, considera-se que não é necessário intervir para apressar um parto quando mãe e bebê estão bem.

SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO

1) Apresentação pélvica (recomenda-se a versão cefálica externa com 37 semanas mas se não for bem sucedida, discutir riscos e benefícios com as gestantes: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);

2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – variando de 0,5% - 1% - deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia);

3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.



Algumas desculpas utilizadas pelos profissionais para realizar uma DESNEcesárea (em ordem alfabética)

1.             Abdominoplastia prévia
2.             Aceleração dos batimentos fetais
3.             Adolescência
4.             Ameaça de chuva/temporal na cidade
5.             Anemia falciforme
6.             Anemia ferropriva
7.             Anencefalia
8.             Artéria umbilical única
9.             Asma
10.     Assalto ou outras formas de violência (gestante ou familiar foi vítima de assalto, então o bebê pode ficar estressado)
11.         Acidente Vascular Cerebral (AVC) prévio
12.         Bacia "muito estreita" 
13.         Baixa estatura materna 
14.         Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso 
15.         Bebê alto, não encaixado antes do início do trabalho de parto
16.         Bebê profundamente encaixado 
17.         Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto 
18.        Bebê "grande demais" (macrossomia fetal só é diagnosticada se o peso é maior ou igual que 4kg e não indica cesariana, salvo nos casos de diabetes materno com estimativa de peso fetal maior que 4,5kg. Não se justifica ultrassonografia a termo em gestantes de baixo risco para avaliação do peso fetal). 
19.         Bebê "pequeno demais" 
20.         Bebê engolindo o líquido amniótico
21.   Bebê flagrado apertando o líquido amniótico durante a ultrassonografia, o que aparentemente levou a bradicardia
22.       Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe) 
23.     Calcificação da sínfise púbica (alegando-se que ocorreria em TODAS as mulheres com mais de 35 anos, impedindo o parto normal)
24.         Candidíase
25.         Cardiopatia (o melhor parto para a maioria das cardiopatas é o vaginal) 
26.         Cegueira materna
27.         Ceratocone
28.         Cesárea anterior 
29.         Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma 
30.      Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso) 
31.         Cirurgia gastrointestinal prévia 
32.         Colestase gravídica 
33.       Coleta de sangue do cordão umbilical para congelamento e preservação de células-tronco
34.         Colo grosso, colo posterior, colo duro, colo alto e (paradoxalmente) colo curto
35.        Colostomia (sim, porque é melhor fazer uma incisão abdominal perto do estoma com fezes do que um parto normal bem distante da área...)
36.         Conização prévia do colo uterino 
37.         Condilomas (verrugas genitais) que não provocam obstrução do canal de parto.
38.         Constipação (prisão de ventre) 
39.         Cordão curto (impossível a mensuração antes do nascimento)
40.         Cálculo renal 
41.   Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do obstetra) 
42.    Datas significativas como 11/11/11 ou 12/12/12 (ainda bem que a partir de 2013 precisaremos esperar o próximo século) 
43.        Diabetes mellitus clínico ou gestacional 
44.    Diagnóstico de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto e antes da dilatação de 8 a 10 cm
45.         Dorso à direita, dorso posterior, ou dorso em qualquer outro lugar
46.         Edema de membros inferiores/edema generalizado 
47.         Eletrocauterização prévia do colo uterino 
48.         Endometriose em qualquer grau e localização 
49.         Enxaqueca materna
50.         Epilepsia e uso de qualquer droga antiepiléptica
51.         Escoliose 
52.         Espondilite anquilosante – Qualquer espondiloartropatia
53.        Estreptococo do Grupo B (EGB) no rastreamento com cultura anovaginal entre 35-37 semanas
54.         Exérese prévia de pólipos intestinais por colonoscopia 
55.         Falta de dilatação antes do trabalho de parto
56.         Feto com “unhas compridas” 
57.         Feto morto 
58.         Fibromialgia 
59.         Fratura de cóccix em algum momento da vida 
60.     Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come) 
61.         Gestação gemelar com os dois conceptos, ou o primeiro, em apresentação cefálica 
62.     Gestante saudável demais, correndo o risco de ter um parto fácil e muito rápido, podendo parir antes de chegar ao hospital, com risco de morte do bebê
63.         Gravidez não desejada 
64.         Gravidez prolongada
65.         Grumos no líquido amniótico 
66.         Hemorroidas 
67.         Hepatite B e Hepatite C 
68.         Hérnia de disco, operada ou não, em qualquer segmento da coluna vertebral
69.         Hérnia inguinal, hérnia incisional e hérnia umbilical
70.         Hiperprolactinemia 
71.         Hipertireoidismo 
72.         Hipotireoidismo 
73.         História de cesárea na família 
74.         História de câncer de mama ou câncer de mama na gravidez 
75.         História de depressão pós-parto 
76.         História de natimorto ou óbito neonatal em gravidez anterior 
77.         História de trombose venosa profunda 
78.         História familiar de fibrose cística do pâncreas
79.         HPV com ou sem NIC
80.     Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos) 
81.    Incisura nas artérias uterinas (pesquisada inutilmente, uma vez que não se deve realizar oplervelocimetria em uma gravidez normal) 
82.         Incontinência urinária de esforço ou estar fazendo muito xixi no final da gravidez
83.         Infecção urinária 
84.      Inseminação artificial, FIV, qualquer procedimento de fertilização assistida (pela ideia de que bebês “superdesejados” teriam melhor prognóstico com a cesárea) – motivo pelo qual esses bebês aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal 
85.       Insuficiência istmocervical (paradoxalmente, mulheres que têm partos muito fáceis são submetidas a cesarianas eletivas com 37 semanas SEM retirada dos pontos da   circlagem) 
86.         Insuficiência Renal Aguda ou Crônica
87.         Laparotomia prévia 
88.  Lesão medular (habitualmente acarretando paralisia: tetraplegia, paraplegia, hemiplegia, diplegia, dependendo do nível da lesão): essas mulheres em geral são cadeirantes e podem ter partos sem dor, mas o diagnóstico não é indicação de cesárea!
89.         Líquido amniótico em excesso
90.         Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
91.         Magreza da mãe
92.         Malformação cardíaca fetal 
93.        Mecônio no líquido amniótico (só indica cesariana se houver associação com padrões anômalos de frequência cardíaca fetal, sugerindo sofrimento fetal)
94.        Mioma uterino (exceto se funcionar como tumor prévio) 
95.        Miscigenação racial (pelo “elevado risco” de desproporção céfalo-pélvica) 
96.         Neoplasia intraepitelial cervical (NIC) 
97.         Nó verdadeiro de cordão (impossível o diagnóstico antenatal, sorry)
98.         Obesidade materna
99.         Paciente “não tem perfil para parto normal”
100.     Paciente “não ajuda para o parto normal” (momento vidente ON: “no fundo ela quer cesárea”)
101.     Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra). O diagnóstico deve se apoiar no partograma. O próprio ACOG só reconhece período expulsivo prolongado mais de duas horas em primíparas e uma hora em multíparas sem analgesia ou mais de três horas em primíparas e duas horas em multíparas com analgesia. Na curva de Zhang o percentil 95 é de 3,6 horas para primíparas e 2,8 horas para multíparas) 
102.  “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas) 
103.     Perineoplastia anterior
104.     Pé nas costelas
105.     Pé torto congênito
106.     Placenta grau III ou II ou I ou qualquer outra classificação placentária
107.     Placentas baixas não oclusivas do colo do útero
108.     Plaquetopenia
109.     Pólipos uterinos
110.   Possível falta de vaga em maternidade para um parto normal, caso a gestante não marque a cesárea
111.  Pouco líquido no exame ultrassonográfico (sem indicação no final da gravidez em gestantes normais)
112.     Praticar musculação ou ser atleta 
113.     Pressão alta 
114.     Pressão baixa 
115. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia, grande miopia, ceratocone  e descolamento da retina 
116.     Profissão professora
117.     Prolapso de valva mitral 
118.     Prótese de quadril
119.     Qualquer malformação fetal incompatível com a vida 
120.     Qualquer procedimento cirúrgico durante a gravidez 
121.   Queloide ou tendência a queloide podendo complicar uma episiotomia (e a cesárea não? E para que fazer episiotomia?)
122.     Reação vasovagal
123.     Sedentarismo 
124.     Septo uterino/cirurgia prévia para ressecção de septo por via   histeroscópica
125.     Ser bailarina 
126.     Sono fetal (bebê que dorme durante o trabalho de parto)
127.     Suspeita ecográfica de mecônio no líquido amniótico 
128.     Síndrome de Down e qualquer outra cromossomopatia 
129.     Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)
130.     Tabagismo 
131.     Trabalho de parto prematuro 
132.     Trânsito urbano muito intenso
133.     Tricomoníase
134.     Trombofilias 
135.     Trombose venosa profunda
136.     Varizes uterinas 
137.     Uso de antidepressivos ou antipsicóticos 
138.     Uso de aspirina e outros antiagregantes plaquetários (ex.: clopidogrel)
139.     Útero bicorno
140.     Útero retrovertido
141.     Vaginose bacteriana
142.     Varizes na vulva e/ou vagina
143.   Violência urbana, impedindo obstetra (famoso) de sair de casa à noite ou alegada como pretexto para que as gestantes também não sigam o perigoso percurso até a maternidade




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