terça-feira, 23 de setembro de 2014

Doulas a quem doer!



"Cada vez mais pessoas buscam por informações há muito tempo perdidas pela medicalização do parto. Com a chegada de novas tecnologias, vimos um evento fisiológico como o parto ser transformado em algo patológico, sendo retirado o protagonismo no parto da mulher. Nós Doulas, estamos aqui para ajudar a devolver esse protagonismo às mulheres, para que sejam respeitadas dentro das instituições hospitalares. Com informações atualizadas e embasamento científico, as Doulas desmistificam a cesariana sem reais indicações e trabalham para que a mulher venha a ter uma experiência boa na hora do parto. Doulas não são contra a cesariana ou intervenções no parto, desde que essas sejam feitas com real necessidade e não como prática de rotina ou protocolo institucional."

Leia a matéria completa na coluna que escreverei para o Jornal Voz Ativa !!


Nascimento da Maria Alice

Recebi as fotos de um momento lindo que tive o prazer de acompanhar. Uma mulher linda e poderosa, uma avó calma e confiante e veio a mundo mais uma mulher linda e cheia de saúde!!
Ela ganhou uma filha, a avó uma neta e eu AMIGAS! E isso não tem preço!


Maria Alice veio ao mundo em uma cesariana que poderia ter sido evitada se não fosse o despreparo da plantonista, porém nem ela foi capaz de apagar a beleza do amor que uma mãe tem por sua cria!

Aqui  você pode ler um pouco do aconteceu nesse dia.

Fotos: Carol Dias Fotografia









sexta-feira, 20 de junho de 2014

NOTA DE ESCLARECIMENTO


No dia 8 de junho de 2014, acompanhei um trabalho de parto em uma maternidade de  Florianópolis/SC. O trabalho de parto fluía bem e a gestante era respeitada, chegando aos 8 cm de dilatação sem dores fortes. Houve troca de plantão e a conduta adotada pela nova plantonista, que vinha a estar em seu primeiro dia de trabalho naquela maternidade e que, segundo a médica anterior, nunca havia acompanhado um parto humanizado daquela forma, foi totalmente intervencionista, ao contrário do solicitado pelo plano de parto.

A maternidade, em sua entrada, estampa uma placa “Parto Humanizado”, entende-se por parto humanizado o evento em que as decisões e escolhas da parturiente são respeitadas e as indicações clínicas são dadas de forma a serem uma opção e nunca uma imposição médica. Protocolos clínicos não são colocados acima do desejo e expectativas da parturiente e acompanhante. Parturiente e acompanhante tem voz ativa e sua intimidade respeitada por toda equipe e quando é necessário tomar uma decisão sobre o andamento do parto, tem sua privacidade respeitada para tal sem serem pressionados.

Durante as 12 horas do plantão da médica, o que vimos foram intervenções desnecessárias, pressão, falta de tato, desrespeito, desencorajamento e total desconhecimento do que é ou como proceder em um parto humanizado. Foram 11 toques e auscultas em 12h de plantão. Alguns exames de toque, ela tocava, vinha a contração, ela esperava e tocava novamente. Sendo que em todas as vezes, exceto uma, ela solicitou que a gestante saísse da banheira para tais procedimentos e permanecesse deitada (litotomia).
A médica me questionou se a gestante pretendia ter o parto na água, confirmei a informação, e ela se mostrou duvidosa se isso seria possível.

Sempre constatou os mesmos 8 cm, porém, no prontuário que o  pai, Lucas Abad, solicitou na saída da maternidade, está anotado 9 cm. O que nunca foi repassado para a parturiente, vindo a causar grande frustração e pressão.

Um pouco antes da meia noite a médica informou que iria estourar a bolsa artificialmente. A gestante e o pai pediram que ela esperasse mais um pouco, porque eles gostariam que se rompesse naturalmente, a médica protestou, mas aceitou com a condição de que, se na próxima meia hora (30 minutos) não houvesse evolução, ela iria intervir. Como doula, acalmei a ambos com a ajuda da fotógrafa, que tem experiência em partos. Aline foi descer e subir escadas com a fotógrafa enquanto eu providenciava alimento para os acompanhantes e conversava com eles para acalmá-los. Logo me juntei a elas. Já cansada, Aline pediu pra ir para o quarto, sentou na bola, o marido sentou atrás dela e eu na sua frente, ficamos ali por mais um tempo, com cenas lindas entre marido e esposa. Logo a médica retornou, acendendo as luzes.  

As 00h do dia 9 de junho de 2014 a médica voltou, solicitou que ela deitasse, quando foi realizar o toque, Aline sentiu a bolsa romper, antes que a médica pudesse fazer algo. Ao fazer o toque, 8 cm e informou que se permanecesse assim na próxima hora ela iria intervir com ocitocina sintética ou uma cesariana. Saiu da sala de parto deixando um pai inconformado e uma mãe aterrorizada.
Novamente como doula, acalmei o casal. Lucas me disse que não teria mais forças para confrontar a médica, eu disse que isso não seria preciso, que bastava ele e Aline negarem a cesariana, sem discussões.
Aline então foi para o chuveiro e começou uma série de exercícios, a essa altura a banheira havia simplesmente parado de funcionar, tendo sido esvaziada e enchida por 2 vezes pela fotógrafa e uma enfermeira. Deixamos ela sozinha com seus pensamentos por alguns instantes, a pedido dela. Depois pediu que eu ficasse com ela e solicitou que  não a deixasse desistir.

A médica dessa vez demorou um pouco mais de 1h para retornar, o que de certa forma causou um alivio em todos, mas o clima de tensão ainda pairava no ar. Pediu que Aline saísse para ser examinada, solicitou que ficasse deitada, auscultou, novo toque, 8 cm e indicou a cesariana. Pediu licença e saiu da sala. Aline me olhou apavorada, Lucas nervoso. Acalmei-os como pude. A médica retornou e disse que indicava a cesariana por parada da evolução no trabalho de parto. Lucas então falou que eles não gostariam de uma cesariana, perguntou se estava tudo bem com a bebê, a médica confirmou que sim, mas que isso poderia mudar, Lucas então pediu para esperar mais, pois sabia que o trabalho de parto poderia parar em algum momento e isso não era indicação de cesariana, a médica então afirmou que sim, era uma indicação, pois ela estava indicando. Me levantei e disse que ia deixar eles ali, para conversarem sobre o que iam decidir, a médica achou pertinente e saiu também. Médica saiu para recepção da enfermagem, enquanto eu permaneci na antessala da sala de parto. Entrei e eles estavam decididos a esperar mais. A médica entrou, ouviu contrariada a decisão do casal e deu o prazo de mais 1h.

Voltamos para o chuveiro, bola, chuveiro. Aline cansada. Propus que ela deitasse um pouco de forma que ficasse confortável e procurasse descansar, pois o corpo precisa de um descanso muitas vezes, mesmo durante o trabalho de parto. Ela deitou por alguns minutos, agradeceu. E novamente me pediu que não a deixasse desistir. Ela sentia fome. A fotógrafa foi até as enfermeiras solicitar algo para Aline comer, a médica então negou. A médica veio 30 minutos depois e auscultou novamente.
Aline preferiu então sentar em uma poltrona, ajudei a acomodá-la e ela conseguiu descansar um pouco.

O medo causado pela pressão da médica fez com que Aline travasse, liberando adrenalina e diminuindo sua produção de ocitocina. O plano dela e do esposo, era aguardar a troca de plantão. Resistir. Estavam cientes de sua decisão e empoderados.

Essas cenas se repetiram até as 6h da manhã, quando então Aline estava no chuveiro e tinha a companhia do esposo, enquanto eu aguardava na antessala, um momento de intimidade para os dois conversarem e quem sabe aumentar a produção de ocitocina. Novamente a médica adentrou a sala, ouvi vozes mais alteradas e entrei. Fiquei escorada na cama, com a médica de costas para mim na porta do banheiro, Lucas argumentando com ela e Aline no chuveiro, tentando se concentrar em vão.
Sugeri que eles conversassem no quarto, para que Aline pudesse se concentrar, concordaram, encostei a porta do banheiro e disse à Aline que chamasse se precisasse de algo.
Médica alterada, Lucas argumentando que eles não queriam uma cesariana, já que a bebê e a mãe estavam bem. Nesse momento, Lucas me olhou e eu perguntei para a médica se poderia esperar ao menos mais 1h, ela então disse que não e que ligaria para o médico que fez o pré-natal deles. Essa discussão durou 30 minutos.

A médica saiu, abracei o Lucas que estava exausto pela situação, conversei com ele e fui ficar com a Aline para que ele se acalmasse.  Logo, ele voltou e deixei-os novamente sozinhos para que conversassem. A médica voltou e foi falar com eles. Ela afirmou que a confiança médico-paciente havia sido quebrada e que ela não poderia mais acompanhar eles, Lucas disse que tudo bem, que eles aguardariam o próximo plantonista, ela disse que ele teria a mesma conduta dela. Ela retornou mais 2 vezes antes da troca de plantão.

Trocou plantão, tentei religar a banheira, sucesso, voltou a funcionar. O novo plantonista deu uma injeção de animo em todos, fez toque e afirmou que ela estava realmente com 8 cm, com um edema no colo uterino, que poderia ter sido causado pelo excesso de toque, falou que a bebê estava bem, que ela estava indo muito bem, indicou que ela se exercitasse e que tudo daria certo, falamos que ela estava com fome, ele ficou surpreso por não terem dado nada a ela e permitiu que ela recebesse um belo café da manhã. Aline comeu e com mais ânimo retornou à banheira, onde cansada de todo stress, dormiu. O que se segui depois foi respeito pelo seu espaço e autonomia. Não houveram toques de hora em hora. Não houveram prazos.

Aline acabou em uma cesariana devido ao edema que não cedeu, as 13h 18 min.

A presente nota antecede o relato de doulagem e parto que terá mais detalhes de momentos lindos que houveram durante o tempo que o parto da Aline e do Lucas fora respeitado.

Ressalto que como doula, jamais interfiro nas DECISÕES da equipe médica, meu papel é informar e auxiliar o casal quando solicitada e essa foi minha conduta, como doula estou à disposição da família e assumo minha responsabilidade perante meus atos.

Apesar de tudo que presenciei e testemunhei, em momento algum confrontei a médica. Mesmo vendo que o parto humanizado não estava sendo respeitado naquela instituição.
Em momento algum interferi em suas decisões. As objeções foram feitas pelo casal ,que estavam muito bem informados e empoderados, seguros de suas decisões. Se transmitir informação durante a gestação a um casal que solicita é interferir no trabalho de uma médica, então eu me declaro culpada disso, pois jamais deixaria de passar informação correta, coerente e cientificamente embasada aos casais, gestantes e demais interessados que procuram por mim com esse fim. Meu trabalho como doula também é informar, não são apenas palavras de conforto, apoio e encorajamento, não são apenas técnicas de alívio da dor ou exercícios que estimulem o parto. O momento de usar essas informações não é decidido por mim e sim pelo casal.

Primo pelo bem estar das famílias que me contratam, físico e emocional e jamais faria algo que pusesse em dúvida meu comprometimento com a causa da humanização ou prejudicasse a parturiente que acompanho. 

Portanto, quaisquer maledicências que venham contra os fatos ocorridos, testemunhados e presenciados por quem estava lá, não deverão ser levadas em consideração, serão falácias sem qualquer validade.

Atenciosamente,

Laura Müller Sagrilo

Doula

quinta-feira, 5 de junho de 2014


Sem duvidas umas das frases mais ouvidas durante o trabalho de parto é " Pra fazer não gritou!" .. Eis a resposta. Muitas mulheres usam de vocalizações para ajudar na concentração, no controle da dor ou pela dor em si! E pedir-lhe que que se cale é de uma falta de tato tamanha. "Pra fazer não gritou" ,além de ser uma frase violenta, coage a mulher a se calar, a se reprimir em um momento onde ela deve deixar seus instintos virem a tona, um momento de entrega.
Deixe seu instinto aflorar!




I Encontro Grupo Gestar - Florianóopolis


É com prazer que apresento o grupo  Gestar Floripa ! Um trabalho 100% voluntário de mulheres para mulheres totalmente GRATUITO! Agende o primeiro encontro!

 Um grupo voluntário de mulheres em prol da humanização do nascimento e em respeito a autonomia feminina. Entre profissionais da saúde e outras áreas de atuação, temos todas um ponto convergente: somos ativistas, apaixonadas pela humanização e interessadas em ajudar a resgatar o protagonismo feminino no momento mais importante da vida de uma mulher: a chegada de um filho. Temos como objetivo a disseminação de informações baseadas em evidências científicas atuais, atuando como um grupo de apoio à gestante, seus companheiros e familiares, por meio de realização de rodas de conversa que sejam ao mesmo tempo esclarecedoras e acolhedoras. Entendemos que a gestação seja um momento único na vida de uma mulher ou de um casal, mas também uma passagem de incertezas e inseguranças. Por isso nos entregaremos sempre com profundo carinho para auxiliar no que estiver ao nosso alcance. Trataremos de todos os aspectos importantes que envolvem gestação, amamentação e puerpério. Sinta-se acolhida! Estaremos com você!!





quinta-feira, 29 de maio de 2014

CURSO DE FORMAÇÃO DE DOULA E EDUCADORA PERINATAL - FLORIANÓPOLIS - SC – 2014

É com prazer que divulgo o CURSO DE FORMAÇÃO DE DOULA E EDUCADORA PERINATAL -FLORIANÓPOLIS - SC – 2014  da Matriusca em parceria com Doula Laura
Esse curso tem como objetivo formar mulheres para atuarem como Doulas e Educadoras Perinatais, nos serviços de atendimento às mulheres grávidas – na preparação para o parto, parto e puerpério. 
Será uma oportunidade única de aprendizagem e empoderamento!


Conteúdo programático resumido:
1.Políticas públicas na atenção à preparação para o parto, no parto e nascimento e pós-parto;humanização do parto e nascimento; lei do acompanhante.
2.História da Doula, o papel da Doula como ocupação e Código de Ética;
3.Sexualidade no processo de gestar, parir e maternar;
4.Acolhimento, tipos e locais de parto;
5.Rotinas e Protocolos hospitalares;
6.Cuidados com a mulher grávida na atenção integral;
7.Métodos de conforto farmacológicos e não farmacológicos no trabalho de parto;
8.O trabalho da equipe de saúde e da Doula, na condução do trabalho de parto e simulações
práticas;
9.Recepção do bebê e amamentação na primeira hora e formação do vínculo; amamentação e
puerpério;
10.Metodologias para a Educação Perinatal;
11.O trabalho da Educadora Perinatal no preparo para o parto e no puerpério;
12.Trabalho de Reflexão do Curso.*

*OBS.: O Trabalho de Reflexão do Curso deverá ser elaborado em grupo ou individualmente. Os temas e orientações serão combinados com as Cursistas e Coordenadoras/Tutoras.

Investimento: As inscrições realizadas até o dia 20/06/2014 poderão ser parceladas em até 6 vezes.Após essa data o parcelamento do valor total será em até 4 vezes.Total: R$ 1.225,00 (mil duzentos e vinte e cinco reais)

Mulheres graduadas, com curso técnico ou 2º grau completo R$ 1.225,00
6 x R$ 204,20
4 x R$ 306,25
Mulheres graduadas, com curso técnico ou 2º grau completo, filiadas à ReHuNa, com anuidade em dia 
R$ 1.102,50
6 x R$ 183,75
4 x R$ 275,62
Estudantes de curso técnico, graduação e especialização. R$ 980,00
6 x R$ 163,40
4 x R$ 245,00
Mulheres de outros estados. R$ 980,00
6 x R$ 163,40
4 x R$ 245,00

Dados para depósito da primeira parcela/inscrição:
Banco do Brasil, Ag: 3603-X - c/c: 45.712-4 – MATRIUSCA - CNPJ – 17.191.356/0001-52
Somente serão aceitos depósitos identificados – ou por transferência bancária ou por depósito na
conta da MATRIUSCA diretamente no caixa.
As parcelas seguintes poderão ser quitadas por Cartão de Crédito, boleto bancário ou cheque.

A inscrição será efetivada no pagamento da primeira parcela.


Endereço: Av. Pequeno Princípe, 1202 Campeche-Florianópolis-SC

Clique para ampliar

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Contador de Contrações

Para ajudar a contar as contrações, ai vai o link de um contador online super fácil de usar !
http://contractionmaster.com/

Roda de Gestantes - GRATUITO

Neste sábado no Horto Florestal do Córrego Grande, em Florianópolis, nossa roda gratuita para tirar dúvidas, compartilhar experiências e trocar informações! As 15h!
Levem uma canga para sentar e um lanche para compartilhar! 
https://www.facebook.com/events/1403227296626750/?ref=ts&fref=ts

Relato de Doulagem: Pâmela + Léo = Alberto

Eu a Pâ nos conhecemos a pelo menos uns 5 anos.Depois que tive Arthur e sofri violência obstétrica, decidi me tornar doula. Pâ sempre falava que ia esperar eu me formar  e só então engravidaria.. que eu seria sua doula.
Me formei e 2 semanas depois ela me da noticia da gravidez. Alegria sem fim!!

Pamela teve outras 2 gestações antes dessa, uma onde ela teve um parto induzido de sua filhinha Ananda, em óbito por S. de Turner e um aborto. A noticia da gravidez criou expectativas e emoção, a torcida entre as amigas era enorme e logo descobrimos que Alberto viria ai.
O sonho da Pa era um parto domiciliar, ela buscou de todas as formas que encontrou, mas infelizmente não rolou. Pa não fez enxoval, chá de bebê..nada.. economizou ao máximo para ao menos poder vir para Florianópolis ter seu filho aqui, onde as condições se apresentam melhores do que onde ela mora.
Ela veio, ficou na casa dos pais.O plano era ir para o HU. Gravidez  rolou maravilhosamente bem e Alberto sendo muito desejado e aguardado por todos que conhecem e amam a Pa e o Léo!

Quinta-feira, dia 6 de março Pa me envia uma mensagem avisando que o tampão mucoso havia saído. Fiquei alerta, mas sabia que poderia demorar. As 16:19 ela me envia outra mensagem: “Estourou a bolsa..to vazando. Kkkkkk”  
Pa estava mega preparada, avisou que estava sem contrações e que ia pro banho e bola e eu como moro longe dela, comecei a me deslocar.
As 18:40 chego na casa dela, ela no chuveiro, na bola...conto as contrações.. Estava em TP ativo. Aguardamos um tempo e ela achou melhor irmos para o HU avaliar.
No trajeto ela tinha contrações fortes e duradouras, intervalo curto entre elas, o Léo ainda não havia chegado em Floripa. Chegamos no HU e fomos pra maternidade, conversei com a enfermeira de plantão, Pa com muitas contrações e vocalizando (aaaaaaa) , respirava fundo.. Veio medica avaliar...3 para 4 cm... e vai conversar com a equipe... ela volta e solta a bomba: Superlotação, uma ambulância está vindo pegar vcs para levar para Carmela Dutra. Pamela pediu que não, disse que não queria, eu tentei argumentar... mas nada feito.  Falei que estávamos de carro e que a ambulância era desnecessária. Pegamos o encaminhamento e saímos...  Conversei com ela..falei que podíamos voltar pra casa, aguardar mais um tempo e só ir pra Carmela na hora P, ela achou válido, mas no caminho preferiu ir para Carmela.

Chegamos lá  , já na triagem parecia que não ouviam a gente..tivemos que falar umas 3 vezes que bolsa já estava rota, que tínhamos encaminhamento e que não era a primeira gestação. Veio uma residente e fez outro toque. 4 para 5 cm.  E questionou o porque só viemos essa hora se a bolsa havia rompido as 16h.. (chegamos lá as 21h).. Falei que ela não tinha contrações, que só se iniciaram de fato as 18h e por isso não havíamos saído de casa.  Nos encaminharam pra um ambulatório e uma enfermeira falou :
“ Agora tu sai..aqui ela fica sozinha pra medicação.”
Pamela como uma leoa urrou: Não! Ela fica! Eu tenho direito a acompanhante.
Enfermeira: “ Mãezinha , tem que entender que aqui é só paciente.É rotina daqui, tem outras pacientes aqui também.”
Pa: Elas também tem direito.
Eu: Olha, eu entendo, mas que medicação vão dar nela? E quanto a minha presença, eu entendo que seja rotina daqui, mas nenhuma regra interna tá acima de uma lei federal, se quiser posso trazer aqui...”
Enfermeira: “Não sei qual medicação...” E saiu bufando.
Então nos mandaram para um consultório, onde fomos recebidas por uma acadêmica de medicina (Julie), ela nos recebeu bem e então conseguimos falar sobre o plano de parto. Falamos que ela havia mudado de cidade para ter um parto humanizado e que o plano era Hu, mas que estava superlotado e que sabíamos como eram as rotinas da Carmela...ela nos olhou...suspirou e disse:  é.. é bem diferente. Infelizmente não sou eu que ficará contigo lá dentro, mas vamos ver o que conseguimos!
Uma esperança se acendeu. Foi feita a internação... A Julie teve que refazer toda a triagem porque a enfermeira não havia salvo o histórico.
Ficamos ali por um bom tempo.. o que evitou mais transtornos... feita a internação fomos pra o chuveiro, havia uma cadeira lá, perguntei se podia por a bola ali ao invés daquela cadeira, a enfermeira concordou e ajudou a fazer a troca. Pamela ficou ali, logo Léo chegou e veio dar um beijo nela, deixe ambos a sós para conversarem, se despediram e ficamos eu e ela ali. Infelizmente no SUS só permitem a presença de um acompanhante, a doula é vista como acompanhante também. O plano pro HU era trocarmos no expulsivo, na Carmela, Pamela preferiu que eu ficasse por sabermos que seria mais complicado.

O chuveiro era horrível e do nada parava de funcionar e vinha água gelada.Pedimos pra trocar, conseguimos. Ela ficou mais de 40 minutos no chuveiro e na bola, contraindo muito e vocalizando, até que pediram para ela sair para ser examinada novamente. 
BCFs lindos e no exame de toque 6cm para 7 cm! Pamela com muita dor, não queria ficar fora da bola e do chuveiro quente, assim que o único chuveiro foi desocupado novamente voltamos pra lá, a residente mostrou em um quadro onde tem desenhado as dilatações onde ela estava , 7cm. “Falta pouco,Pâ! Vamos lá!”,disse eu. E fomos pro chuveiro.
Mais de 1 hora lá.. Pâmela indo muito bem! Sentia sede, mas não permitiam que ela tomasse água..  eu “contrabandeei”  água para ela.  Logo a médica pediu que ela saísse para ser feito novamente procedimentos clínicos. Pâmela relutante saiu.

A Residente pediu que então se deitasse para poder auscultar os batimentos do Alberto, Pâmela disse que não conseguia ficar deitada por causa da dor, ela insistiu dizendo que precisava fazer isso e que deitada era melhor. Pamela lembrou-a que o residente anterior, havia feito a rotina com ela sentada. Pamela disse que não conseguia pois deitar doía muito. A residente saiu e voltou com a médica e com o aparelho de cardiotoco. Com uma pressão psicológica enorme a médica convenceu Pâmela a fazer o cardiotoco , disse que seriam 20 minutos apenas e que depois ela poderia ficar na bola e na água sem problemas. Pâmela pediu pra ser feito um toque para saber a quantas ela estava.. médica iniciou o toque e disse “humm 5cm!” Pâmela num salto: “como 5 cm?? Tá diminuindo?? A 1 h eu estava com 7cm!”
“Não, você está com 5cm, quem disse que estava com 7??” A residente que havia feito o toque estava ao lado da médica ficou calada e ambas, eu e Pâmela, apontamos : “ela!” ... “É..mas não..você está com 5cm! “

Acalmei a Pâ e começou o exame... nesse momento chegou uma outra mulher já parindo , só conseguia ouvir as médicas falando “ não grite assim, você vai assustar outras mãezinhas, você não pode ficar assim, tem que ser assim’.. levaram-na para sala de parto.
20 minutos passaram e outra médica veio ver a Pâmela, olhou o cardiotoco e viu que o papel não havia saído, eu disse que acompanhei e que os batimentos continuavam muito bem, ela concordou e disse , é esse papel não é importante. Arrumou o papel que começou a sair e saiu dali... Voltou a outra médica e Pâmela disse que já estava ali a mais de 20 minutos e que PRECISA mudar de posição.  Ela olhou e percebeu que só havia saído um pouco do papel do cardiotoco e disse que ela teria que ficar mais 20 minutos. Então me meti e disse: mas ela já ficou os 20 min, a outra médica disse que esse papel não é importante, porque fazer ela ficar assim sendo que ela está claramente sofrendo assim? “ Ela precisa fazer esse exame” Ela já fez.  Nisso Pâmela disse que já havia feito e que precisa mudar de posição, veio a residente, a médica disse que tudo bem mas que iria anotar no prontuário dela que ela se recusou a fazer o cardiotoco, Pâmela me olhou e eu falei: Ela não se recusou.. ela fez. Vocês mesmas disseram que o papel não era importante, porque insistir nisso?  Elas insistiram .. Pâmela começou a chorar e então pediu analgesia, disse que sem analgesia não suportaria ficar naquela posição, a médica disse que não poderia dar, que só tinha um anestesista e que ele ficava de plantão pra casos de emergência. Ofereceu um Buscopam para Pâmela , ela aceitou. Uma outra médica ficou ali...

Pâmela gritava.. “Não grite assim.. tem outras mães aqui “ Pâmela então gritava mais.
E disse : “eu não quero ficar deitada!” a médica disse: Mas na hora de ganhar o bebê você ficará deitada também”
Pâmela: “ Porque??”
Médica: “Não temos aquela cadeira de cócoras como no HU.. você vai ter deitada”
Pâmela: “Não vou não...!”
A médica então me olha e pergunta “Já foi feita a tricotomia nela?”
Eu: “Já..ela mesma depilo como gosta”
Médica: “Mas fizeram a tricotomia pra episio?”
Pâmela num susto “Mas eu não quero episiotomia!!”
Médica: “ Olha.. eu entendo essa onda de parto normal, mas aqui seguimos evidências”
Então minha boca foi mais rápida que meu pensamento: “evidências de 30 anos atrás não contam mais como evidências”
Médica: “Vocês tem que aprender a respeitar médicos!”
Eu: E vocês a ouvirem suas pacientes,
Então ela saiu.

Pâmela já estava a quase 1 hora naquela posição e então o que estava ruim , piorou.. após cada contração os batimentos do Alberto começaram a cair.. vinha contração, nenhuma alteração, a contração parava e havia uma queda significativa.

Então a médica veio e disse que estava tendo uma queda, que ela já estava a um bom tempo em TP e que ia falar com o médico responsável do plantão (que atua também na clinica recordista de cesarianas aqui em Florianópolis, 95% de cesarianas), voltou e disse: “O que eu mais queria era que você tivesse o parto deseja, mas tudo indica que teu filho está entrando em sofrimento fetal e não queremos  que você passe por outro sofrimento, a cesariana foi indicada pelo dr.”
Pâmela sucumbiu ao choro. E começou a falar com a médica.. “se eu fizer a cesariana, é possível que baixem o campo cirúrgico para eu poder ver ele nascer, eu não quero que passem crede nele, não quero que deem banho, nem colírio, e eu queria muito que esperassem o máximo possível pra cortar o cordão...”

A médica consentiu com tudo, disse que tornaria esse momento o melhor possível e que nada seria feito sem o consentimento dela. 
Pâmela me abraçou , eu perguntei se ela queria que eu chamasse o Léo, ela disse que preferia que eu ficasse pra assegurar que tudo fosse feito como ela pediu.. Chorando, Pâmela se preparou para uma cesariana.
Vesti a roupa e percorri o mesmo caminho que havia feito há 3 anos atrás, quando eu mesma passei por uma cesariana naquela maternidade. Fiquei em uma ante sala , aguardando o momento de entrar. Quando me chamaram percebi que era a mesma sala onde eu também fui operada. Fiquei ao lado dela, segurando sua mão.  O anestesista abaixou o campo “nem vai poder ver nada...”.. por instantes ele deixou o campo abaixado e logo o ergueu, Pâmela conseguiu ver Alberto, lindo e muito bem! A médica logo clampeou o cordão e se dirigiu a mim “já parou de pulsar ó..” .. Óbvio que não, mas não iria discutir isso naquele momento, só a olhei com reprovação. Pâmela pediu que eu ficasse perto do Alberto, ele estava em um berço aquecido sendo avaliado e então passaram sonda por todos os orifícios possíveis da face dele... Apgar 9/10 nesse momento olhei para médica que nada falou.
Logo chegou a pediatra e disse: “Agora, mãezinha, nós vamos levar seu filho pra dar banho e cuidar dele, logo ele volta pra você”
Pâmela, sendo suturada:  Não quero que deem banho nele nem coloquem colírio, nem nada.
Pediatra então começa a discutir com a Pâmela enquanto ela ainda está sendo suturada “ Porque você não quer? Como assim? Qual sua justificativa pra isso??”
Pâmela: “Porque eu sou a mãe e não quero !”
Pediatra: ! você vai ter que assinar um documento se negando a iss..
Pâmela a interrompeu, me passa aqui, eu assino agora!! Laura pega ele!
Pediatra então saiu..enfermeira me passou Alberto, falei pra Pâ que ficaria tudo bem e que logo voltaria com ele. Descemos ,  a enfermeira começou a  me perguntar se ele ficaria daquele jeito sujo mesmo... eu disse que sim.  Passei uma gaze no cabelos loiros de Alberto, coloquei sua roupinha, os pais de Pâ e o Léo vieram e acompanharam tudo por um vidro, então o aproximei e por uma janelinha pequena eles tocaram o pequeno Alberto! Lindo!
A enfermeira enrolando preenchendo papeis e eu já ansiosa pra leva-lo pra Pâmela.. acabou que ficamos mais de hora lá embaixo até que ela disse que levaria Alberto, eu disse que ficou claro que a Pâmela queria acompanhante em todos os estágios do parto [pré,parto e pós], ela ligou pra alguém e logo eu subi com Alberto, a mamada na primeira hora já havia sido perdida, entreguei o Alberto pra Pâmela, dei-lhe um beijo, conversamos por minutos e me retirei para dar lugar ao Léo.

Sai dali com um peso na alma, uma dor no coração..  de ver tanta violência contra uma mulher em momento que deveria ser tranquilo e respeitado. Abracei o Léo  e fiquei conversando com os pais da Pâmela, contei como tudo tinha acontecido e como seria importante nosso apoio agora. Vim para casa e chorei.

Pâmela  foi uma guerreira, foi incrível e maravilhosa! Voltei a vê-la no outro dia e conversamos por alguns instantes. Nos dias que se seguiram conversamos mais e a dor veio a tona.  Pâmela entrou para as estatísticas de violência obstétrica.
Hoje, Alberto já tem 2 meses e alguns dias, um lindo loiro de olhos azuis e tem uma mãe maravilhosa que está dando a volta por cima e que tem feito da dor a força pra seguir adiante e plantar a semente da humanização do parto! 




Primeiro encontro
Primeiro encontro
Pamela e Alberto com 2 meses.
Pamela e Alberto com 2 meses.

Relato de doulagem: Débora + Johnne = Liah

Conheci Débora  pela internet, nos falamos poucas vezes, não lembro como foi , mas antes de ser doula eu me falei que o dia que ela engravidasse eu seria sua doula.. Me formei doula.. um tempo depois Débora  surgiu grávida. Mas só voltamos a falar sobre a doulagem mais para frente.  Eu fui viajar , voltei e começamos a marcar nossos encontros, mas por diversos motivos , nunca conseguíamos. Nos encontramos no sábado de aleluia e conversamos sempre pelo facebook, Débora sempre muito informada e centrada.

A DPP era pra início de junho, não sei porque, mas nem eu , nem ela acreditávamos que chegaria até lá.  Marcamos um novo encontro e novamente não conseguimos nos ver.

Então no dia 11 de maio, dia das mães, as 7 da manhã o telefone toca.. Era Débora falando que achava que estava em trabalho de parto. Orientei que tomasse um banho quente e que me mantivesse informada.  Mais tarde o Johnne, esposo dela, me ligou informando que haviam ido até a maternidade e voltado, ela estava com 2 dedos de dilatação.  Disse que me ligasse se as contrações aumentassem. Logo ele me liga informando que estavam na maternidade , com 4cm e ela havia sido internada. Avisei que já estava me dirigindo para lá.


Bem..sou uma doula pé-de-chinelo, não possuo carro, por isso a estratégia é outra. Sai de casa e avisei o Jjohnne que ligaria para ele me buscar em um determinado terminal de ônibus... Cheguei lá.. liguei...liguei... e só dava caixa postal. E ai meu celular descarregou. Liguei para minha mãe de um telefone público, passei o número e pedi que ligasse pra avisar que estava aguardando.. mãe retorna e diz que tbm..só caixa postal... respira.  Vi 2 motoristas de ônibus da empresa Transol e fui falar com eles, expliquei a situação, eles me indicam uma guarita, vou até lá, explico tudo de novo, os 3 homens que lá estavam se levantam, um deles surge do nada com um ônibus e me pede pra subir e dizer onde preciso ir!! Chego aos 7 cm de dilatação!

Débora havia solicitado analgesia e estava muito bem, ficamos conversando por um longo tempo.
Logo a analgesia começou a passar e ela começou a se movimentar mais.
Johnne estava mega ansioso e entrava e saia da sala de parto, sua mãe e sua irmã ficavam ali, conversando conosco.
A Dra. Cris veio ver como tudo estava e Débora pediu um toque: 8 cm!

A Dra. Disse que ela estava indo muito bem, mas que só poderia ir para água após retirar o cateter que fora posto para injetar analgesia e se fosse retirado ela não poderia solicitar mais esse recurso. Ela saiu e Débora conversou comigo, seu esposo e sua mãe.. Débora já não conseguia ficar sentada, em pé se movia em um ritmo que lhe dava mais conforto. Não queria ser tocada. A dor foi aumentando e ela solicitou mais analgesia. Ela então se apoiou em mim e largou todo o peso de seu corpo em meus braços, se agachando em uma contração.  Pediu que chamassem a médica e o anestesista, (foi aqui que o marido e a irmã saíram correndo do quarto rs)  ele chegou primeiro , conversou com ela e colocou o mínimo de analgesia, a médica chegou e fez um toque a pedido da Débora: 9 cm!
A analgesia trouxe um conforto momentâneo, aconselhei ela a assentar na banqueta de para parto, e ali ela ficou.. logo a dor voltou com tudo, as dores que ela sentia eram intensas e as contrações eram duradouras e com intervalos menores de 3 minutos, estava muito intenso mesmo!

Ela então começou a pedir massagem , ficou de joelhos sobre o travesseiro que coloquei na escada que serve de apoio para ir para cama, vocalizava a cada contração.  Johnne cada vez mais ansioso me olhava e perguntava se era normal , eu confirmava com a cabeça enquanto a massageava, a mãe dela falava algo para ela e ela ficava irritada rs.. Não queria ouvir a voz de ninguém, se desculpava quando a contração passava e pedia mais massagem. Foi o momento mais intenso de todo trabalho de parto.


A mãe dela insistiu e eu a ajudei, a convencê-la de ir para água, que ela conseguiria relaxar mais.. eu já percebia que o corpo fazia uma força maior a cada contração, pedimos para retirarem o cateter. O anestesista veio, retirou, a Dra. Cris (uma pessoa incrível) perguntou se não achávamos que a Liah estava nascendo, concordei e a ajudei entrar na banheira. Débora me olha : “entra comigo?”

Tentei convencer o Johnne a entrar, a mãe..não tive sucesso, ambos muito nervosos. E Débora ao entrar se transformou... calma, concentrada.. enfim na partolândia. Uma enfermeira trouxe uma calça para mim e me posicionei na banheira.  Veio uma contração e logo notei a cabeça da Liah protuberando.. avisei a Dra Cris que veio mais para perto. Ficamos ali. Aguardando a Liah. Peguei uma toalha e pedi que Débora puxasse quando viesse outra contração, a Dra Cris ajudou a apoiar um dos pés de Débora.. outra contração e novamente a cabeça protuberou... assim foi com mais 2  contrações.. então coroou. Dra Cris aconselhou Débora a mudar deposição, ajudamos ela, abracei Débora por trás  outra contração e Liah nasceu! 2 circulares de cordão ! E logo foi para os braços de Débora, lindas mãe e filha!! Em um momento mágico! Avó registrando tudo, pai também, sorrisos e felicitações! 

Johnne então começou a ficar apavorado de novo “ Ela tá roxa, é assim?? E a cabeça dela? Olheeem!!” Quase que como um coral foi lhe explicado que é normal bebês nascerem roxinhos, que a cabeça fica assim pela passagem no canal de parto e logo ficará normal...
Pediatra olhou Liah, no colo da mãe Débora, ainda na água.. Ali elas ficaram até o cordão para de pulsar totalmente, o cordão foi cortado pelo pai Johnne que desde o início preferia uma cesariana. Hoje orgulha-se de mostrar o vídeo do momento do nascimento de sua linda filha e da força incrível que sua esposa teve!

Liah pesou 2,775 Kg, 49 cm,nasceu com 36 semanas+4 dias! Mamou logo que chegaram ao quarto, em momento algum Liah foi separada dos pais, Débora pariu a placenta na cama e ali mesmo comeu uma sopa para recuperar as forças.. tomou um banho e foi para o quarto com sua família.
Esse sem dúvida foi um lindo e inesquecível Dia Das Mães! 






Todas as fotos foram cedidas e devidamente autorizadas pelo casal.

Relato de doulagem - Laís+Guilherme = Maria Luiza

Quando me tornei doula eu já sabia de toda fisiologia do parto, sabia identificar um trabalho de parto latente de um ativo, a melhor hora para ir pra maternidade, sabia do jogo hormonal que acontece e da importância disso, sabia da importância da qualidade da  assistência .No curso aprendi que mais coisas influenciam para que isso aconteça e ai tive a explicação para algo que eu não compreendia: O por que mulheres empoderadas,informadas, que durante toda gestação se preparam,simplesmente não pariam como queriam e muitas acabavam em uma cesariana ?
Aprendi, entendi várias mulheres próximas que até então eu achava que no fundo não lutaram o suficiente...
Mas achei que isso acontecia por fatores externos...Amigas e parentes que contam histórias horríveis de partos, companheiros que não se envolvem no parto causando aquela insegurança, intervenções médicas desnecessárias...
Não estava preparada para o que me esperava em minha primeira doulagem ativa.


Conheci a Lais em um grupo de mães no facebook, eu não era doula e ainda não tinha dimensão do mundo da humanização. Lais sempre chamou a atenção pela sua “sutileza” e era isso que eu amava nela, então ela saiu do grupo...Conversamos raras vezes, mas nos reconhecíamos em muitas coisas. Nunca nos encontramos pessoalmente apesar de estudarmos no mesmo prédio da UFSC.
Desde que ela havia contado da que estava grávida novamente vínhamos nos falando mais vezes e eu sentia uma vontade de ir vê-la.
Uma tarde fui mais cedo para UFSC.. e vi uma mulher...Andando,séria..Concentrada, reconheci ela e chamei: Lais!! Ela virou e me reconheceu também, dei um abraço forte nela, um beijo e nos falamos rapidinho porque minha aula ia começar, foi a primeira vez que nos encontramos. No outro dia ela postou falando que aquele encontro tinha lhe feito bem... Senti-me bem por isso e mais uma vez aquela vontade de conhecer melhor essa mulher. Nos encontramos mais uma vez, ela com uma barriga lindona, eu com as calouras da fonoaudiologia, ambas com pressa.

Numa conversa pelo face ela me falou que queria uma doula,eu lhe falei que ainda não havia me formado,me formaria dia 24 de junho e que se desse tempo eu seria sua doula.
Mas nós duas tínhamos certeza que a gestação dela não ia tão longe..ela estava com bolsa rota desde 27 semanas. Fui para o curso já imaginando que com a super lua ela iria parir... Voltei e Lais ainda gravidíssima. Brincamos falando que o bebê estava me esperando.
Começamos a conversar e numa tarde combinamos de eu ir para casa dela. Arrumei minhas coisas e fui.Ela estava com 41 semanas de gestação e 3 cm de dilatação.
Conheci Olívia e Sophia, filhas da Lais e do Guilherme, que também conheci naquele dia. Encantei-me com aquela família.
Conversamos por horas, Lais teve algumas contrações.
Fomos para o quarto, eu e Lais, para conversarmos..Ela havia me dito que tinha medos.

Contou algumas coisas, a deixei a vontade pra falar o que quisesse... Nesse ínterim ela começou a ter contrações ritmadas. Logo as contrações estavam fortes, compassadas... Lais já não respondia...Pediu que Guilherme colocasse as meninas para dormir e ficamos lá...Massagem,contração,bola... Lais não falava, gemia, soltou palavrão...Guilherme me olhava e eu dizia que estava tudo bem... Com ajuda dele fizemos uma técnica de alívio da dor na Lais..,Mostrei pra ele como massagear, Lais estava entregue,sussurrei que ela avisasse quando quisesse ir para maternidade.A essa altura Guilherme já pensava que nasceria ali mesmo...
Então Lais disse: "Não aguento mais...Quero fazer força,vamos lá!"

Pegamos tudo e lá fomos nós.
Foi por o pé na maternidade e Lais saiu da partolândia...
A médica fez o toque e disse: 3cm...colo grosso. Foi um banho de água fria nela e na doula. Ali foi o start para eu lembrar do que aprendi no curso sobre as “travas”..como podia? Ela passou mais de 5h em casa com contrações de 2 em 2 minutos,durando mais de 1 minuto e meio cada uma...como não dilatou nada!?

Cardiotoco... e ai a médica diz: ”Poxa,perdi saramandaia...”
Esperei ela sair e eu e Lais começamos a rir,Lais já não queria saber do cardiotoco...médica volta e diz que o bebê estava dormindo e solta:”aff to sem a buzina”,mentalmente agradeci por isso.. Sacudiu a barriga eele acordou... Ficamos conversando, contrações irregulares... Então Lais desabafou mais... Saímos dali, a médica pediu que voltássemos dali algumas horas, pediu que Lais caminhasse...Fomos para o Subway comer porque a fome era grande e Lais disse que queria dormir. Fomos para casa e dormimos. Lais suou muito durante a noite, acordamos, contrações irregulares e fracas...

Fomos caminhar...Caminhamos muito nesse dia e conversamos bastante. Não ritmaram. Durante o dia ela desabafou sobre o distanciamento dela e de uma amiga de longa data... essa amiga é comum a nós duas...Porem, minha amizade com ela era virtual, por termos os mesmo ideais de luta, ela também é doula. Desde o momento que começou o TP eu e essa amiga nos falávamos pelo facebook, hora eu falava,hora o Guilherme.Atualizamos ela,que estava nervosa,chateada e confusa por não estar presente naquele momento. No segundo dia pedique ela fosse até a casa da Lais,não avisei ela...Apenas o Guilherme, foi um risco de magoar Lais ,mas algo me dizia que elas precisavam se ver...

E assim foi, Rebecca chegou lá a noite e elas conversaram,ficamos até madrugada de papo,eu,Lais,Rebecca e Guilherme. Quando Rebecca foi embora, contei pra Lais que eu havia dito pra Rebecca ir até lá,pedi desculpas e ela agradeceu, disse que foi bom resolver isso.E eu fiquei feliz!
Nessa noite Lais,suou muito! Teve algumas contrações, mas nada de trabalho de parto.

No outro dia resolvi que deveria ir pra casa e deixar Lais com seus pensamentos, sugeri que ela ficasse o máximo de tempo sozinha, falei que ela precisa se livrar das travas para parir.
Em casa mantive contato com ela,em uma conversa eu falei:Lais, cadê a Lais que eu conheço,aquela que manda o mundo longe? Tu percebeste que toda vez que tu ficou sozinha ou com pessoas que tu se sentia segura e não te pressionavam tu tiveste alguma evolução? Manda o mundo pras cucuias (não foi esse o termo, mas né?) e vai parir essa criança!”
Ela não respondeu...Pensei...”putz,falei o que não devia”.. Algumas horas depois ela me respondeu...”Laura, li o que tu escreveste... me deu um enjôo, mas umenjôo...um”dar-se conta”, vou dormir,to com um sono medonho,se o corpo pede é porque está precisando só tenho que te agradecer pela luz que tu me trouxe Laura
de coração tu me acordou pra muita coisa que eu tava fazendo sem nem me dar conta
me consumindo,tenho que retomar minha força “

Nos falamos nos 2 dia que se seguiram, ela estava bem,bem mais leve...Perguntei se queria que eu fosse até lá,ela disseque ia esperar dar um “up” na situação e me chamaria.
Nessa noite eu sonhei com o parto dela...Eu era uma pessoa que via a cena, não estava nela, via ela, via Guilherme e vi que foi um parto rápido, vi a cara de cansada da Lais e vi o bebê..Lindo, bochechudo..[ninguém sabia o sexo do bebê ainda].
Mandei uma mensagem para ela falando que havia sonhado...Conversamos, contei como foi e ela disse que estava de “boa”... e me contou que passou mal a noite...Falei: ”Tu vai parir! Teu corpo ta achando uma maneira de se livrar dessas travas!”
Ela disse que tava bem, que nem sinal e que estava pensando em ir a uma festinha hahaha

Essa conversa foi as 16h do dia do parto... Avisei que estava na rua e que ficaria sem bateria mas que logo estaria em casa e que ela podia me ligar a hora que fosse...
As 23:30h recebo uma mensagem do Guilherme avisando que estavam com 7cm e tudo bem... Mas só vi a mensagem depois, então Rebecca me avisa: NASCEU!AGORA!! 23:54!
Um misto de sentimentos me dominou,uma alegria, muito amor e uma vontade de gritar!!!
Lembrei do sonho, da conversa de tudo e lamentei não estar presente no momento..Pensei: ”Poxa... não estava lá quando eles mais precisaram de mim..” E comecei a me desculpar mentalmente..que doula que eu fui?
Foi depois..Conversando com o Guilherme e com uma amiga doula que percebi que ser doula não é só estar no parto, que estar no parto não te faz melhor doula...Entendi que consegui preparar os dois, Lais e Guilherme, para que pudessem fazer o parto deles sozinhos, com segurança, com amor...Guilherme me relatou que usou todas as técnicas que eu lhe ensinei, que dançou com Lais e falava o quanto amava ela...Eu chorei ao ler isso,imaginando a cena... O parto foi como no meu sonho,lindo e rápido!Lais foi poderosa, foi guerreira e soube deixar as travas saírem, acolheu seus medos e pariu sua filha,junto com seu companheiro...Como ela sempre quis!
Chegou ao mundo MARIA LUIZA, com 42 semanas, bolsa rota desde 27 semanas, em um parto natural, sem intervenções,pesando 3.320Kg, no SUS!



No outro dia fui visitá-los e me apaixonei por aquela bolotinha cor-de-rosa!!
Lais foi um desafio, ver uma mulher empoderada, com 2 partos normais anteriores,com tantas travas emocionais foi desafiador e ao mesmo tempo renovador,obrigada Lais por confiar em mim,obrigada por permitir que eu entrasse no seu intimo,Guilherme você foi maravilhoso,um doulo! Parabéns pelo lindo parto e pela família linda que vocês 5 formam!! Obrigada pela confiança e por permitirem eu vivenciar isso com vocês! Rebecca, obrigada pela sua confiança também!Gratidão!